Capítulo 8
Deitei com os anjos e...
Céus, e amanhã? E o raio do outro dia?
Do tal dia seguinte?
Como seria?
Deitei com os anjos e...
Céus, e amanhã? E o raio do outro dia?
Do tal dia seguinte?
Como seria?
~*~*~
Pensei que o difícil fosse o depois, mas a vida correu naturalmente e pelo contrário, minha relação com o Jorge esquentou e nossa vida sexual teve uma injeção de ânimo imensa. Só de pensarmos na noite que tínhamos tido com a Angel o tesão vinha rasgando tudo.
Ao encontrá-la não me senti envergonhada, e percebi que nem ela, mas não tocamos no assunto.
Bem, ao menos não até o próximo encontro. Tinha que haver um próximo... E houve e desde então não paramos mais.
Éramos um... “Trisal”...rs
E as histórias hilárias não pararam de acontecer. Num determinado motel a fulana da recepção estava inconformada por pedirmos duas suítes, afinal quem ia ficar com a Maria Angélica?
Explicamos que o segundo quarto era apenas de fachada, que ficaríamos no mesmo quarto.
- Sim, mas quem vai ficar com a Maria Angélica?
Riamos até. O gerente precisou vir para explicar para a dona o que era um “ménage a trois” ah ah ah.
Acho que ela se lembra disso até hoje.
- Mas, afinal de contas, quem vai ficar com a Maria Angélica?
Em outro o cara da recepção foi tão simpático que pensei que fosse entrar no quarto conosco, fez questão de nos dar café na entrada e na saída e não se conteve e acabou perguntando.
- Vocês são irmãs?
Caímos na gargalhada.
A amizade também triplicou, afinal agora éramos cúmplices, éramos amantes.
Um é pouco.
Dois é bom. Três? É demais...rs
“Quando penso em nós dois, deixo tudo pra depois, quando penso em nós três fica pra outra vez”
Fernanda Takai do Pato Fu sabia muito bem o que estava dizendo...
Estávamos enamorados.
Se já andávamos juntos, imagine depois disso. A Angel nos acompanhava em tudo, afinal, era a nossa namorada. Íamos visitar parentes, festinhas de aniversário, compras no shopping, mercado e por ai vai, nos víamos praticamente todos os dias e num desses dias a Angel dormiu em casa, sem as malas das amigas. Apenas eu e ela. Ai, ai, ai...
Arrumei os colchões na sala como de costume, tomei meu banho detalhadamente, um fogo me consumia, será que iríamos transar?
Enquanto Angel tomava seu banho fiquei ali embaixo dos lençóis sonhando nossa noite...
~*~*~
Quando vi aquela mulher linda ali parada olhando para mim, aguardando meu retorno do mundo dos sonhos, não acreditei. Seu sorriso era doce e tímido e se abria de forma apaixonante, o cheiro de seus cabelos recém lavados entrava por meus poros de uma forma tão envolvente que tive mesmo de acordar do meu sonho bom (saiba que amo dormir para poder viajar em sonhos...).
A incerteza se desfez quando seus dedos tocaram meu rosto e cuidadosamente foram tirando os cabelos que haviam se enroscado por minha face. Pensei, dane-se o mundo e sua hipocrisia imunda, puxei aquela mulher para debaixo de meus lençóis e a amei como nunca amei ninguém em toda minha vida, naquele momento mágico ela me pertencia e eu pertencia a ela de corpo e alma. Nossos corpos se entendiam e conversavam entre si a mais antiga e deliciosa linguagem do amor.
Naquele momento mágico quem lhe arrancava gemidos de prazer e lhe cobria o corpo de ousadas carícias era eu, minhas mãos sabiam onde e como lhe tocar. Meus dedos sabiam onde acariciar e ninguém tinha nada a ver com isso. Dizem que se soubéssemos o que nosso vizinho faz dentro de quatro paredes, ninguém se olharia mais nos olhos.
Em meio a essa loucura um mundo de pensamentos povoava a minha mente. Como um homem tivera tido a coragem de magoar alguém assim? Como um homem pudera deixar rolar lágrimas de tristeza de olhos tão profundos, como puderam tocar seu corpo, beijar sua boca, ouvir a alegria de seu sorriso e não se apaixonar? Como puderam ouvir sua voz tão doce, a alegria de viver, a graça de seu corpo dançando? Céus, o cheiro de seus cabelos molhados. Como puderam se embriagar de prazer e não se apaixonar, nem ao menos sentir vontade de gritar aos quatro ventos – Essa é a mulher da minha vida – Porque era isso que eu tinha vontade de gritar, em cada beijo poder sugar-lhe a alma e habitar seu corpo por um momento. Eu estava irremediavelmente perdida de amor, me apaixonara profundamente por aquela mulher. Eu mulher amando outra mulher, conversa de maluco. O mundo parou... Girou e após loucuras sem fim adormecemos uma nos braços da outra, quando mais tarde abri os olhos e vi aquele anjo enroscado em mim, com parte do lençol a cobrir-lhe o corpo e a parte descoberta a me provocar arrepios, pensei então numa canção. Já disse que minha vida é movida por canções? Para cada momento uma canção. Voce pode até achar piegas, careta, quer saber? Não to nem ai...
“Em lençóis brancos você dorme
E eu em meu canto te admiro
Em meu descanso você brilha
Em teus encantos meus suspiros
Não acorde ainda seja meu anjo.
Guarde minha vida em baixo dos teus lençóis brancos
Sonhe melodias e acorde cantando
Deixe que o dia siga teus planos
Quando acordar, bom dia.
A madrugada vem te olhar tranqüila
E vai avisar o dia
Que pode te acordar
Bom dia anjo...”
(Jairzinho Oliveira)
Bendito sejam os compositores que escrevem palavras que minha alma sabe de cor, que sabiamente em seus momentos de inspiração traduzem o que vai por nosso coração, arrancando os sentimentos mais secretos que habitam a alma e inquietam o espírito. Santos sejam sempre... Aceitem a reverência dessa humilde amante da vida... Bom dia anjo... Hoje eu sei que se não fosse a sociedade com essa hipocrisia medonha, o meu anjo ainda estaria em meus braços, mas eles afastam pessoas que se amam e ainda chamam esse amor de impuro. Sinto falta de seu toque, sinto falta de seu cheiro, sinto falta de um dia ter gozado nos braços de uma mulher, sinto falta de nossa amizade, de nossa cumplicidade, mas sou uma sonhadora. Um dia terei outro par de olhos me dizendo sem pudor... Bom dia anjo...
Você que está ai do outro lado me responda, o que faz o mundo ser tão injusto? E o que lhe faria deixar um amor assim para seguir o que a sociedade impõe, o que a sociedade diz ser o certo. Meu anjo partiu, seguiu o que lhe era destinado e hoje é uma pessoa infeliz... Mas, essa é uma história linda e quero compartilhar com você.
Foi assim que tudo começou e ainda hoje ao lhe dizer isso fico me perguntando se estou mesmo certa da cabeça em colocar todo esse sentimento no papel para compartilhar com outros rostos que nunca vi e que com certeza nunca verei. É muito difícil admitir algo assim, tenho meus pensamentos loucos, mas os guardo só para mim. Sou uma geminiana inveterada sempre tentando justificar tudo, mas quando transformo meus pensamentos em palavras, isso pesa e parece sair do meu mundo imaginário para dentro de uma realidade nua e crua. É estranho ver nossos sentimentos mais profundos transformados em palavras, até hoje somente minha mente e meu diário acolheram meus pensamentos e não sei o que você vai fazer com essa informação. Acha que estou sendo sarcástica e injusta? Ficou ofendida? Ah minha doce criança, não existe segredo secreto a não ser que ele esteja bem guardado dentro da gente, a partir do momento que as palavras se desenfreiam não existe mais segredo. Passarão os dias e você estará contando esse segredo a sua melhor amiga e única confidente, amanhã ela fará o mesmo e assim o segredo se perde pela vida, deixando de ser um segredo. Tenho plena consciência que ao lhe contar essa história, os segredos tão meus deixarão de existir. Você deve estar pensando que não confio nas pessoas, mas, maldito homem que confia no homem, não é assim que está escrito? E só estou lhe contando por decisão minha, não quero mais guardar esse mundo de sentimentos aqui dentro, ele é grande demais e está ocupando um espaço considerável, ao falar abertamente é como poder me libertar dele ao menos em parte. Todo fardo pesado ao ser compartilhado torna-se mais leve. Aí você me pergunta:
- E por que você quer se libertar de algo que a fez sentir-se assim?
- Meu anjo, a história está apenas começando.
Como um homem poderia ter dormido naqueles braços sem se apaixonar.
“Só que dormiu nos braços que eu dormi vai ver que não dá pra deixar de te amar”
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