Capítulo 3
Chegou o grande dia, ou seja, o dia seguinte. Achei que a roupa estava uma droga, o cabelo não se ajeitava, a pele não ajudava, um verdadeiro horror. Céus, havia uma espinha. Nãooooo.
Mas, como não sou de fugir às responsabilidades, lá estava eu jogada no banco de trás, ouvindo o Jorge descrevendo a meiga Maria Angélica camuflada e bookmaníaca ao Diego todo interessado.
Afinal, meu consolo é que esses tais books fazem um milagre, tacam um reboco na cara da pessoa.
Hei! Tá rindo do que? Nunca fiz book, não mesmo. Depois de quase uma hora chegamos ao tal bairro indígena.
- Trave o carro Diego, aqui é um perigo.
- Que exagero Maria. Não é não, eu venho para cá todos os dias a trabalho.
Sim, trabalho, trabalho uma ova, vem catar mulherzinhas produzidas por books baratos.
Tocamos o raio da campanhia, e alguém saiu.
- Oi Jorge.
Os pelos da nuca estavam eriçados.
- Oi Maria Angêla, a Maria Angélica está?
O calhorda do Jorge já era conhecido pela família.
- Sim, vou chamá-la. Não quer entrar?
- Não, obrigada.
E o desalmado ainda se dava o direito de ficar desconfortável e sem graça. Sou uma ameba mesmo, o que euzinha estava fazendo ali àquela hora da noite atrás de uma inimiga bookmaníaca para o meu adorado primo Diego.
Enfim, ela saiu, e a família inteira também, meses depois fiquei sabendo que pensaram que eu tinha ido lá quebrar a cara dela, mal sabiam que estavam bem próximos da verdade. Na verdade mesmo, eu estava pensando que aquela era uma boa oportunidade para colocar meu orgulho de lado e ir caçar outro namorado bonitinho (um cara que se apaixona por um rosto de um book barato não pode ser perfeito), aquele estava perdido para todo o sempre.
Cumprimentos, beijinhos amistosos até chegar em mim.
- Oi, você é a Maria Rosa? O Jorge me falou muito de você.
Alguém me segure pelo amor de Deus, hoje eu parto a cara dessa...
- Oi.
Ela era linda. Simples, rosto lavado, sem maquiagem, sem roupa elegante, cabelos ao natural. Ela era linda e muito corajosa em estar assim cara a cara com o perigo.
Eles conversaram e papearam. Eu a observava pelo canto do olho, tentava minha melhor cara de indiferença.
Graças aos céus o Diego não se encantou. E eu?
Não senti nada. Nem raiva, nem inveja, ódio muito menos. Sou franca em dizer que eu adorei a tal Maria Angélica que tinha um rosto lindo e um sorriso encantador. Havia algo nela que se parecia com um reflexo que eu via todos os dias diante do espelho. Era bem mais jovem, mas algo naquela menina lembrou algo em mim mesma. Ela lembrava minha alma, meus desejos...
Heita mundo perdido, acho que eu estava perdendo o jeito. Se fosse em outra situação poderíamos até ser boas amigas.
Depois desse dia não fiquei mais com tanta raiva do Jorge, até que o safado do morcegão tinha bom gosto, afinal ele não havia mentido. Até o dia que.
“Piririm, piririm, piririm, alguém ligou pra mim”
- Alô.
- Maria Rosa por favor.
- Sou eu.
- Olá, eu sou a Maria Angélica. Lembra de mim?
Tinha que ser numa segunda-feira existe dia mais desagradável que a segunda?
- Quem?
Claro que me fiz de desentendida. Esse gostinho eu não iria dar para a tal.
- Sou a Maria Angélica, você esteve com o Jorge em casa.
- Ah! Claro. Maria... Angélica...
Como se eu pudesse esquecê-la.
- No que posso lhe ajudar?
Ah! Como são beneficiadas as pessoas que estão do outro lado da linha, quantos assassinatos aconteceriam se pudéssemos cruzar as linhas telefônicas como nos desenhos animados, essa tal Maria Bonitinha já estaria de olho roxo, deitada no chão com uma das minhas mãos se preparando para um novo ataque e a outra com dedos engalfinhados em seus cabelos perfeitos sem escova.
- O Jorge me falou muito de você.
Que catso, eu era assunto de amantes.
- E, eu gostaria de lhe falar, lhe ver pessoalmente e...
- Olhe, estou com o Jorge há dez anos e isso é um tempo considerável, não sei o que ele andou falando... (Dez anos cara, eu namorava esse infeliz há dez anos e nem me tocava).
- Ele te ama.
Silêncio.
- E me falou tanto de você, do jeito que você é que eu gostaria de lhe conhecer.
- Claro.
Meu Deus onde era mesmo a loja de armas mais próxima?
- Podemos marcar onde você preferir.
No cemitério.
- No shopping?
Chicote, sim um chicote “a la Indiana Jones” também serviria.
- Shopping? Claro.
- Ótimo.
Falei o dia e o horário. Ai ai ai, o que eu estava fazendo? Marcando um encontro com o inimigo. Maldita segunda-feira, um dia que não me deixava ganhar nem no joguinho besta de paciência do computador, quem diria um duelo. Como iria me encontrar com a tal inimiga bonitinha? Mas, fui. Adoro desafios.
Nos encontramos no shopping. Garotinha corajosa. Nos sentamos para conversar na praça de alimentação de forma civilizada.
- Sou toda ouvidos.
(Ridícula essa frase, não acha? Credo, um monte de orelhas grudadas em todo o corpo, eca! Que aberração. Mas, pior mesmo é a frase “você tirou as palavras da minha boca”. Que nojo imagine todas aquelas letras babadas, pingando saliva... ECA!!!).
Acredite se quiser... Neste dia a Maria Angélica bonitinha me conquistou. Começou contando de um noivado que tinha tido de seis anos, e que havia sido traída de uma forma medonha. O infeliz sofreu um acidente de carro desses para os jornais sanguinários fazerem a festa, e quando ela foi visitar o coitadinho todo quebrado, lá estava outras namoradas, no jornal o nome da namorada que estava com ele no carro em destaque, o bairro todo lendo aquilo, era pior do que boca em boca, ver seu chifre assim, distribuído em jornais por toda a cidade. Fiquei com pena dela.
Cachorro, safado, sem vergonha.
- Não quero fazer esse papel. Não quero desfazer o relacionamento de ninguém. O Jorge te ama e desde o primeiro momento que o conheci ele falou sobre você, e vi que eu estava sendo desonesta, quero lhe pedir perdão.
- Bem, é... Perdão, bem...
Caracas odeio que me deixem desconcertada e sem palavras. Logo eu, geminiana matraqueira, sem palavras. E diante do ini... De uma futura amiga.
- E, embora não tenha direito de fazê-lo, mas, gostaria de fazer um pedido.
- Pedido?
Que mulherzinha corajosa.
- Me deixe ser sua amiga, fazer parte da vida de vocês, adoraria ter uma amiga como você.
Como eu? Uma propensa assassina?
- Por que?
- Porque não tenho amigas, e parece que todas as pessoas te adoram. Todos querem estar perto de voce e eu sempre quis ter uma amiga assim.
- Claro. Por que não?
Está achando estranho? Acha que eu estou inventando? Mas é a mais pura verdade, a tal Maria Angélica (voce vai ficar enjoado de tanto ler esse nome) bonitinha estava ali na minha frente me pedindo para ser sua amiga.
E foi assim que iniciou nossa amizade. Imagine, eu tinha algumas amigas a quem havia derramado toda minha mágoa, destilado todo meu veneno, e em consequência a pobre Maria Angélica já possuía um exército de inimigas sem saber. Ah! Mas o mais interessante eu não falei, a Bonitinha apesar de ser mais nova havia nascido no mesmo dia que eu, pode? Será que era esse tal de alma gêmea que as pessoas falam tanto?
Nota: Pois é, me tornei amiga da tal Maria, e realmente gostei muito dela, pode parecer estranho, mas, foi exatamente assim que aconteceu, mas, uma amizade estava começando e o tempo se encarregou de botar seu tempero. Meninas, obrigada por me seguirem... Mary seja muito bem vinda...
Como adoro ler essa sua estoria,como é bom me enfiar pelos becos da sua vida, te conhecer sempre mais...
ResponderExcluirTe amo anjo meu... Maria Rosa...
E era uma vez... E foi mesmo... Beijos e abraços de Curinga pra dar muitoa sorte...Afinal tem anjo tomando banho de chuva e lavando a alma... Hei, percebeu como o dia está mágico hoje?
ResponderExcluirmuito obrigada.... estou adorando e COMPLETAMENTE LOUCA para continuar acompanhando a história...
ResponderExcluirPARABÉNS!!!
ahahahaha..estou curtindo muitoooooooooo!!!!
ResponderExcluirParabéns!